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segunda-feira, setembro 29

MEDO
Melissa Lopes

Tenho medo de tudo
e me chamas corajosa!
Tenho medo de ter medo
e ainda o tenho;
tenho medo de chorar,
e mais eu choro e me apavoro
diante do perigo,
e me chamas corajosa!

Tenho medo de te amar,
e confessar o que sinto,
então eu minto;
tento me esconder
no canto escuro que é minha vida...
E me chamas querida!
Quero te falar dos meus desejos,
e de teus beijos
que só me fazem bem...
e tudo fica além...
pois tenho medo.

E o segredo que me guarda
é o mesmo que trái,
e me consagra rainha de ninguém...
Tenho medo do futuro
e do escuro que vejo em teus olhos.
Este escuro brilhante,
que me cega a verdade, verdade escondida
num canto escuro que é minha vida!
E me chamas querida...
Imploro-te: não pares...
ainda com medo, guardo o segredo
e sempre te chamo...
e embora eu não fale, e sempre me cale
eu sei que te amo!

JF City, 17/12/1993

segunda-feira, julho 23

Ilusões de Vida
Francisco Otaviano

"Quem passou pela vida em branca nuvem
E em plácido repouso adormeceu;
Quem não sentiu o frio da desgraça,
Quem passou pela vida e não sofreu,
Foi espectro de homem - não foi homem,
Só passou pela vida - não viveu."

domingo, abril 9

A minha sorte é ter Vinícius de Moraes e Fernando Pessoa, que genializam em palavras os dois lados de mim que eu não seria capaz de expressar, a não ser de forma errada.

"Se eu morrer novo,
sem poder publicar livro nenhum
Sem ver a cara que têm os meus versos em letra impressa,
Peço que, se se quiserem ralar por minha causa,
Que não se ralem.
Se assim aconteceu, assim está certo.

Mesmo que os meus versos nunca sejam impressos,
Eles lá terão a sua beleza, se forem belos.
Mas eles não podem ser belos e ficar por imprimir,
Porque as raízes podem estar debaixo da terra
Mas as flores florescem ao ar livre e à vista.
Tem que ser assim por força. Nada o pode impedir.

Se eu morrer muito novo, ouçam isto:
Nunca fui senão uma criança que brincava.
Fui gentil como o sol e a água,
De uma religião universal que só os homens não têm.
(...)

Uma vez amei, julguei que me amariam,
Mas não fui amado.
Não fui amado pela unica grande razão -
Porque não tinha que ser.

Consolei-me voltando ao sol e a chuva,
E sentando-me outra vez a porta de casa.
Os campos, afinal, não são tão verdes para os que são amados
Como para os que o não são.
Sentir é estar distraido."

Alberto Caeiro, 7-11-1915